POR ENQUANTO...
Confiante,
um pássaro me poisa na janela...
Seu olhar arguto me inspecciona.
Nada em mim o decepciona
e ele fica. Fica e gorjeia...
Seu trinado me toca e desperta,
penetrando-me em cada veia...
E o meu coração se aperta!
Instante,
lá continua. O frio quase o regela...
Mas ele terá sentido minhas penas!
Será que é um pássaro apenas,
este que roçou a minha essência?
E insiste em mostrar que é capaz
de atenuar a minha carência...
E ali fica gorjeando, pertinaz!
Incessante,
tolhe minha angústia, mas não o sabe
e pede meu coração, onde não cabe...
Seu canto minorou meu desencanto.
Ele entendeu e sai!
Não sei p’ra onde vai.!
Mas em mim, há uns laivos de encanto,
por enquanto...