O DEUS E A VIRGEM (Apolo & Dafne)
Segue-se à virgem o deus,
levado pelo furor áureo que o impele.
Adiante lépida, foge a ninfa
impregnada pela seta de chumbo.
Ambos voam pelo Parnaso. Insanos...
Ela perseguida qual corsa fugidia,
ele como um feroz felino caçador.
Sem acordo ele a quer para si.
Ela, o rejeita como se à morte evita.
A repulsa em desposá-lo é puro ódio,
despreza as benesses que terá.
Chega ao ponto de se preferir vegetal.
O deus, desolado, faz da árvore cocares
para enfeitar a fronte dos vencedores.
Poeta enfim, junta - se à filha do rio-deus
em raízes e casca, maldizendo cupido.