Para que serve a poesia?

Eco pra poesia que não serve pra nada
(de Raimundo Cassiano Ferraz)

A poesia não serve
É servida...
Ela sorve, absorve
Escancara
A poesia não beija
Não abraça...
Ela enseja
A poesia nem sara
Ela arranca de dentro
E vem cura ou navalha.

Só silva
Sibila
Medra, pedra, mina
Nascente insistente
A poesia não seca
A poesia não apaga
Rasteja e perdura

Ela não serve pra nada
E segue feliz, desdenhosa
Às vezes segura, emburrada.
Cutuca feridas,
Põe lenha à fogueira
E por nada ou besteira,
A encontro apagada

A poesia é companhia,
É desaforo, é incômoda
Faz-se criado-mudo mas mente
E quando a quero presente
Ela foge, se esconde
E quando respiro, descanso,
Ela atinge, se enrosca
Conheço seu fisco
Me arrisco...
Ela vem e me tosa!