Nuvens...
caem-me aos cântaros
todos aqueles desejos
vêm, descem dos céus
como chuva de janeiro
é inverno, toda a lágrima
um dia mágoa, sem desculpa
de gelo minhas mãos, circunda
sem desculpas, minha culpa
e nada, nada diz a lua
cúmplice das nuvens
em um quarto de fases
esconde a bela face
doi-me o silêncio,
dói-me a palavra presa
nesse anzol de águas,
sem sol, só nuvens...
dói-me esse nunca,
dói-me a nuca
arrepiando cabelos
aos olhos do desprezo
caem, desmaiam,
desconhecem-me
falecem os desejos
nuvens são, só nuvens...