Passagens
Os anos te perfuram e te percorrem.
As aves migratórias em formação de seta.
Os namorados e suas malas, as casas que ficam e fogem,
os países que te atravessam.
Se você enterrar seus pés na terra e esperar um bom bocado
vai criar raízes nas solas. Dizem. Eu acho que não:
você atravessa vastas escuridões perdidas
lacradas noutras vastas escuridões perdidas,
e em cada porto percebe que neste universo
quase nada de constante há.