A justiça
Pior do que o pior dos sofrimentos
É ter que suportar tudo sozinho
É perceber que a mão que causa a dor
É a mão que deveria dar carinho.
Como explicar os pensamentos de um monstro
Que a uma criança ataca tão covardemente?
E eu me pergunto onde estarão os anjos
Que deixam assim, o próprio demo, impunimente?
O que dizer da justiça dos homens?
O que esperar da justiça divinal?
Pois o que vejo é o sofrimento dos bons
E as alegrias de quem faz o mal.
Ja me disseram que o inferno é aqui
E é justamente isso o que estou vendo
Os maus nadando em meio a leite e mel
E os bons, como sempre, sofrendo.
Onde estará o dono do ouro e da prata,
Dono das terras de onde emanam leite e mel?
Alguem me diga por que os maus bebem o bom vinho
E porque aos bons é dado vinagre com fel.
Procuro as tabuas da lei, a arca da aliança
Ou qualquer que igualmente valha
Para pôr ordem nesse mundo hostil
Onde a justiça tarda, tarda... E falha!