Depressão
À sombra soturna da noite desce
A asa fria de um letargo insano.
Toda a minha carne súbito estremece
e cai no abismo inútil do meu dano.
Há afagos e rumores vagos, cresce
Lá fora o brado de um mundo tirano.
Meu rosto não mais se reconhece,
Se olha e vê restos de nervo humano.
Branca, de uma fenomenal brancura,
Ela surge e com seu beijo letal
Engravida minha alma de loucura.
É uma flor horrenda, suja, anormal,
Que me envenena com sua linfa escura
E planta em meu peito o verme do mal.