Deixo-me arrebatar pelos sons desta cantiga...

Deixo-me arrebatar pelos sons desta cantiga

E nesta vida que passei sem ouvir crianças

vou escutando o que me resta das minhas urtigas.

Ao que sempre sereno — e sempre serenamente escutando

O que meu coração há de pronunciar ou expressar

Por meio de seu obscuro e obtuso bater —

vou sentindo o revolver do mar.

A vida anda tão escura,

Possuo tanto afã.

E meus sonhos me consomem por inteiro.

[Amar.

Amei, mas nunca estive ao primeiro passo do paraíso.

Amei, mas nunca me trouxeram meu arco-iris.

Chorei, mas nunca saciei as minhas dores.

Se um dia ei de ver a cascata percorrer o mundo

Da minha existência — que eu escute o seu arrebatador

Despejar na minha alma.

[Que ela leve a minha alma para bem longe.

E que ela flutue em paz nos seus córregos vazios.