Poesias...
esses lagos que me engolem
e não me devolvem os olhos...
perco-me nessa profundidade
névoas e névoas invadem-me
já sem ser carne e ossos
liquida minha alma, revolta-se
não, não quero meus ínfimos espaços
insensatez ser poesia e não prosa...
ah, mas vomitar é preciso
e eu, teimosa, apenas volito
presa com pressa em ser gente
esqueço que mãos são extensões
sim, extensões de todos esses lagos
extensões que insistem revirar a terra minha
terra batida, terra que me enterra
ao meio, aos poucos, tão louca...
e esses lagos, esse risco, esse vício
perco-me, perco-me, outra vez, outra vez
poesias, nas mãos que a mim devoram
poesias, poesias que me roubam os olhos