Invadir
Vou invadir, antes que eu enlouqueça.
Que os sinos dobrem e eu acorde de ponta cabeça,
com o estômago pelo avesso, avesso a tudo que é comida.
E a minha barriga ganhar apreço a tudo o quanto é vida,
quando a vida é recomeço.
De vez em quando, de tanto lembrar esqueço,
Que o instrumento com o qual talho o meu desejo,
É falho, é folha ao sabor do vento.
E ao sabor do vento espalho.
É força que vem de dentro.
E eu, contudo,
confundo.
Alhos com bugalhos,
Poça com poço fundo.
E me cobrem de enxovalhos.
Que caralho!
Quero um trago de um cigarro.
Quero um carro.
Quero boas, novas notícias.
Quero pistas.
Vou entrar, antes que amanheça.
E eu esqueça de lembrar do meu desejo.
E deseje comer o meu apreço.
Meu estômago ronca.
É vida ao sabor do vento.
O custo de quê?
Pagarei o preço.