Invadir

Vou invadir, antes que eu enlouqueça.

Que os sinos dobrem e eu acorde de ponta cabeça,

com o estômago pelo avesso, avesso a tudo que é comida.

E a minha barriga ganhar apreço a tudo o quanto é vida,

quando a vida é recomeço.

De vez em quando, de tanto lembrar esqueço,

Que o instrumento com o qual talho o meu desejo,

É falho, é folha ao sabor do vento.

E ao sabor do vento espalho.

É força que vem de dentro.

E eu, contudo,

confundo.

Alhos com bugalhos,

Poça com poço fundo.

E me cobrem de enxovalhos.

Que caralho!

Quero um trago de um cigarro.

Quero um carro.

Quero boas, novas notícias.

Quero pistas.

Vou entrar, antes que amanheça.

E eu esqueça de lembrar do meu desejo.

E deseje comer o meu apreço.

Meu estômago ronca.

É vida ao sabor do vento.

O custo de quê?

Pagarei o preço.

Kaike Lamoso
Enviado por Kaike Lamoso em 19/06/2012
Código do texto: T3732898
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