Bolha de Sabão
Tristonha, Nina olhava o horizonte,
e lhe queimavam os olhinhos baixos.
"– Qual a tristeza que lhe embaça a vista,
minha querida ?" – perguntava o avô.
"– Ela sumiu, sumiu..." assim dizia,
com seu olhar deitado no infinito.
E, ao seu lado, seu avô sorria,
pois não sabia a causa da tristeza.
"– O que sumiu? o que lhe fez tão triste?"
"– Foi uma bolha de sabão que eu fiz,
que se estourou..." dizia e lhe doía
saber que ela nunca irá voltar.
"– Sabe, querida, muitas coisas vão,
e outras surgem tão bonitas quanto;
no mundo tudo tem o seu destino,
e não importa se for bolha ou gente."
"– Mas ela nunca mais verei de novo!
E onde eu procurar não estará..."
"– Não deixe a mágoa castigar-te a alma,
minha menina de olhar tão doce...
O Sol que hoje tão forte se irradia,
pode amanhã se esconder nas nuvens;
e a árvore que hoje está brotando,
logo amanhã repousará na terra."
"– Mas como a vida pode ter seu brilho,
se tudo algum dia tem seu fim?
Por que tudo no mundo é destruído,
se tudo vivo é muito mais bonito?"
"– Mas nada some e nada aparece,
as coisas se renovam, se transformam;
não desapareceu a sua bolha,
mas só se transformou em outra coisa..."
"– Mas eu queria tê-la para sempre,
como uma borboleta no ar voando...
Tanto sorri por suas belas cores,
e seu voar meio desajeitado..."
"– Minha querida neta, não se esqueça,
que nada é para sempre, e só existe
o tudo no que se sentiu na alma.
Nada é desfeito, nada agarraremos
nas mãos que um dia nós não soltaremos,
é assim comigo, com você, com tudo.
Chorar não mudará, e, na verdade,
a bolha nunca pertenceu a ti."
Gabriel Rübinger e Vitor S
20.01.11