Dor
Com os pés descalços, os olhos opacos
Vagando pelo centro da cidade
Numa noite fria como seu coração
A bermuda rasgada, suja
No bolso uns centavos e a vida em vão
No pensamento o momento mais feliz que viveu
Aquela festa surpresa de aniversário
Família, amigos, ex-namorada
No tempo em que vivia de bola, videogame, mesada
Da janela eu posso sentir seu arrependimento
Sua vontade de estar aqui dentro
Proteção, cuidado, acalento
Andar sozinho, só com a lua como companhia
Angustiado, dor no peito, falta que faz
Sei que não quer, mas corre atrás
Anestesia sentimento
Sinestesia organismo
Fecha os olhos pra não ouvir
Cala-se pra não ver
Daqui eu vejo tudo
Sua dor indo e voltando
Seu pedido interno por socorro
Sua força se esvaindo
Seu sangue borbulhando
As grades não me impediram de gritar
Seu medo não me impediu de ouvir
E por um instante, olhos nos olhos, fomos um
Tudo vai dar certo, irmão
Segura a minha mão e vem
Eu não quero saber da sua dor
Quero saber o que fazer depois que a dor passar
Pra onde te levar
Pra que você possa descobrir outro lugar
Sair daqui, viajar sim, mas sem isso aí
Eu sei que dá. Força, vamos lá...