Choro de sabiá
Hoje de manhã
Uma cena me entristecia:
Como pode
Um pássaro preso cantar com alegria?
Longe de seu bando
E sem direito a anistia
De poder voar.
Seu dono orgulhoso,
Carcereiro sem piedade.
Muda de lugar
A cela e a sua vaidade
Para escutar o canto
De um lamento, na maldade
Em apreciar.
Sabiá não voa
Não conhece mais o mundo.
Onde outrora livre
Na beleza e som profundo
Enchiam os olhos
De lágrimas num segundo
E inspirava o amor.
Hoje com seu canto
Preso, frio e sufocado
Me corta o peito
Num silêncio ignorado
De um sabiá
Ter seu o destino selado
Em cantar a dor.