Choro de sabiá

Hoje de manhã

Uma cena me entristecia:

Como pode

Um pássaro preso cantar com alegria?

Longe de seu bando

E sem direito a anistia

De poder voar.

Seu dono orgulhoso,

Carcereiro sem piedade.

Muda de lugar

A cela e a sua vaidade

Para escutar o canto

De um lamento, na maldade

Em apreciar.

Sabiá não voa

Não conhece mais o mundo.

Onde outrora livre

Na beleza e som profundo

Enchiam os olhos

De lágrimas num segundo

E inspirava o amor.

Hoje com seu canto

Preso, frio e sufocado

Me corta o peito

Num silêncio ignorado

De um sabiá

Ter seu o destino selado

Em cantar a dor.

Geraldo Lys
Enviado por Geraldo Lys em 02/06/2012
Reeditado em 24/04/2014
Código do texto: T3702269
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