Senhora de Barro (lady solitude)
Conheci-a numa tarde de outono
Em uma das poucas vezes que visitei a terra firme
E com ela passeei na praia por infinitas noites
Ela segurava minha mão
E me contava contos de areia
Sobre povos gentis e felicidades de barro
E em suas lágrimas havia as lágrimas de minha mãe
E a saudade que eu pensava já não sentir
Eu fiz de seu abraço a minha casa
Partilhamos do mesmo pão
E já não havia sal em nossa água
Nossa ilha não tinha tempo e nem certezas
E passamos uma vida construindo um castelo de areia
Mas as ondas chamam
E eu não sei o quanto demorei com ela caminhando
Até perceber que caminhava sozinho
E que o mar era a minha única e verdadeira casa