CAMPO E CIDADE
Jaz sob a terra
o corpo do camponês
Terra que por anos lavrou
corpo que à terra volta
e nessa mistura
copro e terra um só
Que à noite lançam-se
criaturas da noite habitantes
Sejam estrelas ou só corujas
Sejam noites de mistérios
e também de amantes
É no passadiço que se olham
transeuntes e meretrizes risonhas
Sobre mesas copos vazios e outros cheios
e bilhetes rabiscados de amores secretos
A canção não sensibiliza o marrento,
ele que tem coração de pedra,
ignora na criança o riso inocente,
porque da infância não tem boas lembranças
E a vida que no campo
se lavra lavrando a terra
Nas cidades,
ela se vive de paixões caladas
E ao chegar a noite,
campo e cidade
dormem pro novo dia que chega