De tempos em tempos
Minhas palavras saíram de recesso.
Desconfio seriamente que nas entrelinhas do meu alfabeto há um líder e algum movimento de revolta.
Que embora não erga sua bandeira, nem me desafie com o dedo em riste, me deixa assim: nu.
Suponho que existe um canto da minha alma para onde as palavras migram de tempos em tempos.
Penso que esse lugar pode ser um barril de carvalho, no qual, incólumes, os dizeres do porvir estão em puro estado de maturação.
Posso sentir os aromas, perceber seus tons de furta-cor, mas não me é permitido tocá-los.
São como virgens imaculadas.
E eu, um lobo feroz à sua caça.
Não obstante, esse meu desejo é puro afã.
Só me resta supor e esperar com os pés em água quente.
E a propósito de querer eximir qualquer tropeço nas etiquetas,pelado de palavras,vou em frente.
Meu silêncio é quase um atentado ao pudor.