Descotidianos

o sino toca e retoca a rotina do indivíduo aquele que

paira repara dispara despido de vento mas desvendo

vendo o ex-divíduo vendendo seu tempo sem tempo

retemporal externo manchando o terno deslavado e

des-secado pelo sol seco hiperseco que tudo seca

tudo menos tudo que o temporal penca e despenca

no meu cotidiano que empresto em parcelas em juros

em tijolos em feijão em leilão para o senhor

da esquerda com terno e guarda-terno guarda-temporal

hoje descotidiano contido meu dia dele que meu agora

é só o contrato sem trato destrato retrato do meu

amor que também é dele meu bem meu desbem quero

andar mas não consigo sem pisar na grama sigo sem pisar

sem pesar sem pensar na desgrama do jardim que o caminhão de lixo

levou junto com chão e minhas pegadas de lixo agora

estou perdido vou seguir seguindo conseguindocom pouco segundos

sigo o caminhão não anotei a placa mais vai dar em algum lugar-não

-lugar-algum vai ser meu dia um dia meu dia vai ser meu dia

meu diálogo logo meu lixo espalhado pela cidade meu espelho

mesmo sem ser eu mas espelhos não mentem espalham e matam

meu deus matam minha esperança e eu desespero e eu desespelho

e eu desespelho queria espelhar qualquer coisa qualquer treco qualquer

troço mas eles não deixam um dia eu destroço mas não fala isso

que é falta deducação que eu não dei pra mim mesmo que

eu me deseduquei quando falei com o moço da esquina minha verdadeira

sina que eu mereço e prezo desprezo esse troço e me distraio que o

sino toca e retoca

Lasevitz
Enviado por Lasevitz em 03/02/2007
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