Soul de dia
A carne é crua. A vida é curta. E crua e curta é a noite que me esbarra sozinho.
Fui te saber tão clara, sob holofotes e velas nas sacadas das casas. Fui-te saber tão viva. E agora te vai amarga e finda para destino que ignoro.
Fui pra ser um de vós, ilustres notívagos. Queria também bailar com as estrelas, dançar teu tango no escuro. Espiar no breu os transeuntes e os ficantes. E ser chuva e drama levado pelo vento. Moça de esquina, de tempos em tempos. Moça e menina.
Plaina e clara é pele refletida. São faróis ou flashs que me confundem as vistas?
O tempo é pouco, o dinheiro mingua. E minguo e pouco, é o que faço de mim. Fui-me saber tão diurno, que tardo, amargo e obtuso, sob qualquer crepúsculo.
Já é tarde meus amigos taciturnos, amantes da dama de negro. Despeço-me e conto-lhes meu segredo. Se o sol se põe, eu me ponho. A noite não é minha senhores, a noite é dos sonhos!