UM ROSTO NA JANELA
Tem um rosto na janela
Que olha a rua paralela
Vendo a multidão passar
Quanto olhar entristecido
Vê os próprios pés feridos
Por não ter o que calçar
Um bêbado ser escorraçado
Um negro ser repudiado
Este rosto também vê
E porque esta sociedade humana
Na sua estabilidade insana
A paz não consegue ter?
Este rosto sombrio e duro
Também teme o futuro
E da janela a tudo olha indiferente
Será que ele não pensa agora
Que amanhã poderá estar lá fora
Caminhando entre esta gente