Carnaval
Hoje se faz a revolução
que transformará o hoje em depois
pois que agora resta-me o vácuo de intenções
esta ignorância que costumava ignorar.
Quero compreender o mundo e sua falta de sentido
quero compreendê-la e sua falta de sentido
quero falar em quedas d'água espancando-me a mente
quero mentir para que a verdade me responda,
e confesse-me que não existe.
Divago, divago demais, nem sei se
isto ainda é um poema
permito ao vazio que me preencha
invento o carnaval em mim
já que o medo foi desinventado pela multidão
jogos idiotas
venço a mim mesmo
alegoria da vitória
quem se importa?
presto atenção
para me desconcentrar
tropeço e caio,
as regras são minhas
venci de novo
dêem-me troféis
mereço esta glória
repleta de falta de significados.
onde ela está? como se eu não soubesse
como se não tivesse mudado de assunto
no verso anterior
como se você não soubesse, ó estranho leitor
não falo para ti, falo para ela,
onde ela está? como se isso me desse sentido.
onde ela está? como se isso fizesse sentido.
venço a mim mesmo
porque ninguém quer brincar
sem saber jogar.
viva o para-paradigma do pós-populismo
enquanto berro para jogar conversa fora.
Não, nada está resolvido.
Alugo palavras.
Não, nada está resolvido.
Celebremos.
Ainda temos o que fazer.