Carnaval

Hoje se faz a revolução

que transformará o hoje em depois

pois que agora resta-me o vácuo de intenções

esta ignorância que costumava ignorar.

Quero compreender o mundo e sua falta de sentido

quero compreendê-la e sua falta de sentido

quero falar em quedas d'água espancando-me a mente

quero mentir para que a verdade me responda,

e confesse-me que não existe.

Divago, divago demais, nem sei se

isto ainda é um poema

permito ao vazio que me preencha

invento o carnaval em mim

já que o medo foi desinventado pela multidão

jogos idiotas

venço a mim mesmo

alegoria da vitória

quem se importa?

presto atenção

para me desconcentrar

tropeço e caio,

as regras são minhas

venci de novo

dêem-me troféis

mereço esta glória

repleta de falta de significados.

onde ela está? como se eu não soubesse

como se não tivesse mudado de assunto

no verso anterior

como se você não soubesse, ó estranho leitor

não falo para ti, falo para ela,

onde ela está? como se isso me desse sentido.

onde ela está? como se isso fizesse sentido.

venço a mim mesmo

porque ninguém quer brincar

sem saber jogar.

viva o para-paradigma do pós-populismo

enquanto berro para jogar conversa fora.

Não, nada está resolvido.

Alugo palavras.

Não, nada está resolvido.

Celebremos.

Ainda temos o que fazer.

Lasevitz
Enviado por Lasevitz em 31/01/2007
Código do texto: T365037