Poema Entediante

Escrevo hoje para checar

se a poesia reserva alguma

palavra para mim.

Serve qualquer palavra,

um verso, um precipício,

um esconderijo ou um abutre,

um riacho ou uma periferia

a perfídia e os indecentes.

Quero palavras de calor ou de

parede. Sonoras ou entreabertas.

Palavas de palavras, de mãos dadas

e pés vendidos. Exogâmicas ou

desnudadas, orgásmicas e sem

sentido.

Vieram. E já vão. Posso dormir

agora e sonhar com o tédio.

Amanhã, o caos pode chegar

a qualquer instante. Cuidado.

E qualquer coisa, dê-me uma

dose de poesia. No sangue.

Com uma agulha grande e

qualquer coisa que rime

com morfina.

Lasevitz
Enviado por Lasevitz em 31/01/2007
Código do texto: T365035