DE VOLTA AO PARAÍSO

Ali, no cordão da calçada,
em frente à nossa casa,
despi-me dos cansaços e das durezas
do passado.
Acionei o controle remoto
do portão da garagem
com a ternura da volta.
Tendo o benefício da dúvida,
decidi que era a hora de sermos, agora,
o nunca.
Ou o que tivesse nos restado
do paraíso perdido.
Teu perfume me recebeu na sala
flutuando entre um drink e um blues.
Mudos, presos à linguagem dos olhos,
retomamos os passos da dança inacabada.
Somos, depois de tanto tempo,
a delicadeza.
Dançamos, então, a dança perdida
no tempo das infantilidades
e voltamos a ser os anjos que éramos.
Ainda que o inferno nos separe amanhã,
hoje viveremos o paraíso.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 04/05/2012
Reeditado em 25/07/2014
Código do texto: T3649417
Classificação de conteúdo: seguro