VELHO CÓRREGO
Digo velho!
Porque estás ai há tanto tempo
A correr desatento
Sem nunca parar.
Digo velho!
Porque viste minha infância
A correr cheia de ânsia
Em suas águas brincar.
Velho córrego!
Corre sempre mansamente
Fico até meio dormente
De tanto te admirar.
Velho córrego!
De águas límpidas infinitas
Meu peito arfante grita
Seu doce murmurar.
E então, digo: velho!
Porque não desiste da vida
E mesmo na seca sofrida
Não ousaste secar.
Por isso, digo: velho!
Porque tens a grande sabedoria
De nos mostrar a magia
Do eterno caminhar.
Sim. Digo: velho!
De uma velhice e diferente
Daquela que jamais sente
O peso dos anos chegar.