A NOITE NÃO DORME
Não vou maldizer o cachorro que late lá fora,
Há muitos perigos nestas altas horas da madrugada!
E o cão sabe, seu dono se o vir como medo – dará risada!
As sombras, reais habitantes da noite, não oferecem perigo,
Elas são tão frágeis, dissipam-se a um feixe de luz de lanterna!
Nem os Espíritos que vagueiam na aragem da noite dão medo!
O perigo, que vergonha, são os da minha espécie – vivos,
Que, mortos, estão noutro mundo cuidando das coisas lá!
Se aqui na segurança do meu quarto, sinto medo – credo!
Imagina o pobre cão, numa tremenda solidão – latir espanta o medo
E é a sua fala de cachorro, com a qual se comunica e pede socorro!
Certo, meu companheiro das madrugadas, sua fala-latido não me irrita,
Agora, se estou cochilando e acordo assustado, porque ouvi um grito
Ou um barulho no meu terreiro – fico alerta o tempo inteiro – aflito!
Já estou acostumado com os sons da noite: o assovio do vento;
O barulho da minha janela, quando o vento a balança; o ronco
Das pessoas de minha casa, que dormem pesado; o grilo,...
Essa Dama da Escuridão, a Noite, não dorme, trabalha duro
Para cumprir as várias funções de sua Natureza – enquanto é escuro!