SE ESSA RUA FOSSE MINHA
Se essa rua fosse minha,
Nunca permitiria mudar.
Deixaria igualzinho sempre,
Guardando as histórias que vivi lá.
Guardo na alma as lembranças,
E a saudade da minha rua:
As casas, os jardins, as crianças
E as brincadeiras nas noites de lua.
Os meninos, pés descalços.
As bonecas de pano e tira.
As bolas de meia, os troles,
Feitos de lobeira e embira.
Pega-pega, as brincadeiras.
De esconder e carnerin bebé.
De subir nos galhos das mangueiras.
E de Seu Rei Mandou Dizer.
Quintais abertos, rodeados de tela,
Que os filhos viam brincar as mães serenas.
Tão puras e tão inocentes aquelas!
Crianças de minha rua cresceram.
Que pena!
Minha rua, hoje a saudade fala alto.
Rua de terra, cascalho e pedrinhas.
Agora pichada com o negrume do asfalto,
Já não és mais a saudosa rua minha.
Casas modernas, lindas fachadas,
Grades altas de real clausura.
Da minha rua, não me lembra nada,
Para onde sumiram com a minha rua?