O CARA DO ESPELHO

O cara do espelho,

Tão triste calado,

Diz-me diz sem palavras.

Com olhos opacos,

Sem luz e sem brilho,

Onde está você?

Que não vem me ver,

Não fala comigo,

Não encontra tempo,

Pra me olhar nos olhos,

Saber como estou,

Se eu fico ou se vou,

Pra lá, ou pra cá...

E eu só respondo,

Com um gesto de ombros,

O que vou fazer?

Se a vida é correr,

Pra aqui e pra ali,

É muito sair,

É pouco chegar.

Vida é movimento,

Correr contra o tempo,

E nunca parar.

Pois vivo correndo,

Até mesmo de mim.

Aí vem novamente

O cara do espelho

Com olhos vermelhos,

A quem eu só vejo

Ao pentear os cabelos

E ainda correndo

E ele dizendo:

Meu Deus! Até quando,

Ficar implorando,

Um minuto pra mim?

Pois a vida é assim,

Trabalho em excesso,

Dinheiro escasso,

Sem muito sucesso,

Fugir do fracasso.

É o supermercado,

É a água, é a luz,

Que a vida conduz,

À loucura total.

E assim, afinal,

O cara do espelho

Fica pra depois.

Pra quando eu não sei.

Pois a vida é externa,

Pressões sociais,

Que a gente não mais

Consegue parar

E na vida pensar,

Viver e conviver.

Sem razão de ser,

Pois tempo não há,

Pra vida curtir,

Amar, sentir,

Sorrir e brincar,

Assim se voltar,

Um pouco mais notar

E valorizar,

O cara do espelho...

CEZARIO PARDO
Enviado por CEZARIO PARDO em 25/04/2012
Reeditado em 16/07/2018
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