I
Dorme o crepúsculo nas montanhas...
Encerrando fios dourados de esperança
Que reluz leve por entre as árvores...
Láureas ramagens no chão da praça!
O ar que vinha das montanhas era filtrado
Manso e veloz pelo verdume das folhagens
Que pastam livre em anéis e cores...
Numa harmonia estonteante que m'invade!
C'mo fui feliz naqueles tempos ais...
Numa sensação vigorosa e esparramada...
Onde meu ser nem cabia nas mãos consteladas!
Ao vislumbrar o amarílico das montanhas...
Estacionando e extasiado na pujança...
Nos vitrais da memória que descortinam predições!
Dum ser insofismável que vivia nas montanhas...
Ao ouvir o descompassar da natureza que amealhava:
Grunhido, mugidos, e piares, que voejavam andarilhos!
II
Nos píncaros e arredores das montanhas...
Que em prece recebiam tantas benções...
Espetáculo dual d'alvura incandescente!
Entre a dança dos astro constelados...
Ao respingarem enigmáticos feixes de luzes...
Que tiquetaqueava por toda a galáxia alvinitente!
Reverenciando tudo que se coadunava...
Neste espaço áureo dos meus antepassados...
Onde a natureza e o homem vivam irmanados!
Assim, quero acordar tranquílo e edificado...
Sob este chão alienígena ao qual me entrego:
Recortes duma vida assaz que ficou p'ra trás!
Não me importando estar recluso nas montanhas:
Beber água da bica oriunda dos veios da terra...
Ser acordado pelo canto dos pássaros em revoada!
Sorver delicadas flores e folhas nas aragens...
Sentir o frescor orvalhado das pastagens...
Devoção incomensurável do néctar celeste!
Vestindo-me sidéreo ao tomar café deitado nesta rede
Ao contemplar e ouvir as estrelas vespertinas...
Que me visitam brejeiras em silêncio!