I

            Dorme o crepúsculo nas montanhas...
               Encerrando fios dourados de esperança
               Que reluz leve por entre as árvores...
               Láureas ramagens no chão da praça!

                O ar que vinha das montanhas era filtrado
                Manso e veloz pelo verdume das folhagens
                Que pastam livre em anéis e cores...
                Numa harmonia estonteante que m'invade!

               C'mo fui feliz naqueles tempos ais...
               Numa sensação vigorosa e esparramada...
               Onde meu ser nem cabia nas mãos consteladas!

               Ao vislumbrar o amarílico das montanhas...
               Estacionando e extasiado na pujança...
               Nos vitrais da memória que descortinam predições!

               Dum ser insofismável que vivia nas montanhas...
               Ao ouvir o descompassar da natureza que amealhava:
               Grunhido, mugidos, e piares, que voejavam andarilhos!

                                         
    II

               Nos píncaros e arredores das montanhas...
               Que em prece recebiam tantas benções...
               Espetáculo dual d'alvura incandescente!

               Entre a dança dos astro constelados...
               Ao respingarem enigmáticos feixes de luzes...
               Que tiquetaqueava por toda a galáxia alvinitente!

              Reverenciando tudo que se coadunava...
              Neste espaço áureo dos meus antepassados...
              Onde a natureza e o homem vivam irmanados!

             Assim, quero acordar tranquílo e edificado...
             Sob este chão alienígena ao qual me entrego:
             Recortes duma vida assaz que ficou p'ra trás!

             Não me importando estar recluso nas montanhas:
             Beber água da bica oriunda dos veios da terra...
             Ser acordado pelo canto dos pássaros em revoada!
             
             Sorver delicadas flores e folhas nas aragens...
             Sentir o frescor orvalhado das pastagens...
             Devoção incomensurável do néctar celeste!
 
             Vestindo-me sidéreo ao tomar café deitado nesta rede
             Ao contemplar e ouvir as estrelas vespertinas...
             Que me visitam brejeiras em silêncio!
             
               

                              



Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 18/04/2012
Reeditado em 18/04/2012
Código do texto: T3620016
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