Velha Lembrança

Naquele tempo...

A gente assentava a frente das casas,

Falava do amanhã,

Sem predestinar o que seria o futuro.

Naquele tempo...

A gente andava nas ruas,

Ria-se de nada,

Caminhava em direção a luz.

Naquele tempo...

A gente não sabia,

Não conhecia a razão,

Vivia a vida sem sofrer.

Naquele tempo...

A gente imaginava,

Falava de amor,

Brincava sem sentir dor.

Naquele tempo...

Não havia miséria;

A fome era um verso na frase;

E a violência não se conhecia.

Naquele tempo...

A vida dura suportava-se

E a voz que saia em brado de liberdade era sufocada.

Tudo parecia estar entre o silêncio, as horas e a fantasia.

O palhaço ainda era o espelho e amão que se estendia nunca parecia vazia.