SARÇA

O meu coração arde por ti como a sarça do êxodo.

Tiro as sandálias dos meus pés pra te dizer

Que continuo sendo teu escravo, teu servo,

E tudo o mais que tu quiseres.

No deserto do silêncio do meu peito,

Espero ansiosamente a tua presença, a minha pertença

Nesse exílio de amor.

Queima a minha alma e todo o meu ser, queima-me senhor!

Quero sentir a experiência dos santos e místicos, marcados

Com marcas desse fogo que queima e não consome,

E não se consome, e nunca some, e transfigura

A vida, e plenifica o sonho, e santifica a alma,

E acalma, e é paz.

Perdoa-me se não sei esperar o teu tempo, e me agito,

Pensando que tardas porque não mais vens.

Tu tardas, senhor, para que o fruto desse encontro

De felicidade, tenha sabor de infinitude

Dentro do finito que sou. Por isso tu tardas e retardas

A tua chegada. Não faz mal. Aprendi a desaprender

A razão do amor que ama, e chama na chama que crepita,

O meu nome: “vem!!”

Aproximo-me. A luz me banha. O fogo queima e é frio;

O frio gela e é quente. E num êxtase de ternura,

De felicidade pura, só consigo dizer: “Mergulha-me mais

Senhor, no mistério da sarça que és tu!”

ALMacêdo

28.11.2007

Antonio Luiz Macêdo
Enviado por Antonio Luiz Macêdo em 10/04/2012
Código do texto: T3604217
Classificação de conteúdo: seguro