SARÇA
O meu coração arde por ti como a sarça do êxodo.
Tiro as sandálias dos meus pés pra te dizer
Que continuo sendo teu escravo, teu servo,
E tudo o mais que tu quiseres.
No deserto do silêncio do meu peito,
Espero ansiosamente a tua presença, a minha pertença
Nesse exílio de amor.
Queima a minha alma e todo o meu ser, queima-me senhor!
Quero sentir a experiência dos santos e místicos, marcados
Com marcas desse fogo que queima e não consome,
E não se consome, e nunca some, e transfigura
A vida, e plenifica o sonho, e santifica a alma,
E acalma, e é paz.
Perdoa-me se não sei esperar o teu tempo, e me agito,
Pensando que tardas porque não mais vens.
Tu tardas, senhor, para que o fruto desse encontro
De felicidade, tenha sabor de infinitude
Dentro do finito que sou. Por isso tu tardas e retardas
A tua chegada. Não faz mal. Aprendi a desaprender
A razão do amor que ama, e chama na chama que crepita,
O meu nome: “vem!!”
Aproximo-me. A luz me banha. O fogo queima e é frio;
O frio gela e é quente. E num êxtase de ternura,
De felicidade pura, só consigo dizer: “Mergulha-me mais
Senhor, no mistério da sarça que és tu!”
ALMacêdo
28.11.2007