LAMENTO
Não pranteio o já ido choro o que nem será
Sinto a falta do sonho que sequer sonharei.
Morro já de desgosto pelo tempo que irá
Sepultar alegrias que jamais eu terei.
Choro o nada que sobra destas horas desfeitas
Que no seio guardaram tão somente a ilusão
Realidade insuspeita em vazio e desfeitas
No amanhã que talvez, seja o se ou senão.
No vazio de tudo que anulou sensatez
Choro o aborto do belo não semeado e infecundo
Que permite as urtigas nos campos do mundo
Meu lamento ao segundo que sequer se fez
Pausa para a lua clarear o deserto
Meu lamento ao porvir, improvável e incerto.