LAMENTO

Não pranteio o já ido choro o que nem será

Sinto a falta do sonho que sequer sonharei.

Morro já de desgosto pelo tempo que irá

Sepultar alegrias que jamais eu terei.

Choro o nada que sobra destas horas desfeitas

Que no seio guardaram tão somente a ilusão

Realidade insuspeita em vazio e desfeitas

No amanhã que talvez, seja o se ou senão.

No vazio de tudo que anulou sensatez

Choro o aborto do belo não semeado e infecundo

Que permite as urtigas nos campos do mundo

Meu lamento ao segundo que sequer se fez

Pausa para a lua clarear o deserto

Meu lamento ao porvir, improvável e incerto.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 09/04/2012
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