O POETA É UM FINGIDOR
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
que finge que é dor
a dor que deveras sente."
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor
que finge a dor
para poder descrevê-la
de um jeito bonito.
O poeta cria a mulher amada
como se fosse um conflito,
para transformá-la na estrela
única da eterna madrugada.
O poeta, de tanto fingir,
finge a si mesmo,
como se fosse amante
e vai se iludindo a esmo,
perdido em lúdicos dizeres
de sonhos, promessas e prazeres
impossíveis. Tenta existir
em alma frágil e inconstante.
Mas há que se perdoar a mentira
do poeta. É ela que mitiga
a desesperança da dor sincera
do apaixonado. Dá razão à espera,
sublima perdas, recua, considera,
desaloja a tristeza antiga
e resgata a paixão que existira.
É inocente do poeta o fingir,
senão antes uma pueril tentativa
de parecer um pouco mais real
na própria loucura. Um ser normal
atormentado pela alma cativa
do pensar e o coração do sentir.
O poeta é um fingidor
que finge o amor
para poder senti-lo
de um jeito mais intenso.
O poeta recolhe da vida
o drama em grande estilo
e torna-o mais vivo e mais denso
do que pode ser qualquer despedida.
O poeta também é autor
que resgata a essência da flor
no coração da mulher escolhida
e não reluta em deixá-la
partir em busca da fantasia,
pois, se o amor é chegada e partida,
é no perfume que a flor exala
que se encontra a razão da poesia.
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
que finge que é dor
a dor que deveras sente."
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor
que finge a dor
para poder descrevê-la
de um jeito bonito.
O poeta cria a mulher amada
como se fosse um conflito,
para transformá-la na estrela
única da eterna madrugada.
O poeta, de tanto fingir,
finge a si mesmo,
como se fosse amante
e vai se iludindo a esmo,
perdido em lúdicos dizeres
de sonhos, promessas e prazeres
impossíveis. Tenta existir
em alma frágil e inconstante.
Mas há que se perdoar a mentira
do poeta. É ela que mitiga
a desesperança da dor sincera
do apaixonado. Dá razão à espera,
sublima perdas, recua, considera,
desaloja a tristeza antiga
e resgata a paixão que existira.
É inocente do poeta o fingir,
senão antes uma pueril tentativa
de parecer um pouco mais real
na própria loucura. Um ser normal
atormentado pela alma cativa
do pensar e o coração do sentir.
O poeta é um fingidor
que finge o amor
para poder senti-lo
de um jeito mais intenso.
O poeta recolhe da vida
o drama em grande estilo
e torna-o mais vivo e mais denso
do que pode ser qualquer despedida.
O poeta também é autor
que resgata a essência da flor
no coração da mulher escolhida
e não reluta em deixá-la
partir em busca da fantasia,
pois, se o amor é chegada e partida,
é no perfume que a flor exala
que se encontra a razão da poesia.