PORRE
Vou guardando para os vermes meus pecados,
Para Deus guardo uma prece fervorosa,
Guardo um terno para o dia derradeiro,
Para ela guardo a essência de uma rosa.
Para a harmonia guardo um acorde dissonante,
Para a melodia uma nota aveludada,
Para a poesia guardo um verso interessante,
para a canção guardo uma voz imaculada.
Para a paixão guardo um amor que desatina,
para a orquestra um violão sempre afinado,
para a festa guardo apenas na retina,
A lembrança de levar-me a lucidez,
Para a ressaca guardo o porre destilado,
Para a loucura reservei a sensatez.
Saulo Campos - Itabira MG