Cantiga para um amigo
Tenho a alma e os olhos tristes,
E isso não é uma redundância, nem um melodrama.
Nem sempre, por meus olhos, se mostra minha alma.
Hoje ela está especialmente triste.
É que ao assistir um filme de Almodovar,
Recordei –me de ti , meu amigo,
Ai, que não estás mais aqui.
Sua alma inquieta te levou em partida.
Na descoberta por novas paragens,
Se saberes novas de meu amigo,
Fale com Ela.
O sol vai se pôr, sua semi-esfera parece uma tampa alaranjada.
Ai, meu amigo partiu.
Na itinerância, sei que passarás por aqui.
Não habitamos mais a mesma rua, a mesma cidade.
A cortina baixou, sou uma personagem só com meus ais.
No deserto que entardeceu em mim.
Minha alma alça vôo através da janela, para onde alcança o olhar.
A Montanha da Alma.
Amanhã, não falarei com você sobre o filme que vi.
E na epifania, baixo os olhos...
Continuo lendo o livro que você me deu.
Nesta cidade seca, a vida seca.
Faz um calor terrificante lá fora.
Nem podemos tomar um café com madeleines. (Verão de 2012).