Poesia de Bolso 61 ( Para Fazer Poesia )
Para Fazer Poesia
A João Cabral de Mello Neto
O verso, pedra bruta,
Na bateia do poeta
Ainda não é poesia
Mas o seu garimpo.
O verso, palavras cruas,
A lama in natura
Ainda não é poesia
Mas o seu intento.
O verso, lascas de estro,
O cio quente imagético
Ainda não é poesia
Mas o seu começo.
O verso é polimento
Por mãos de ourives
Em áurea poesia
Fruto de árdua alquimia
Nunca ouro de tolo.