Testamento
Quando morrer, deixarei quase nada.
Alguns apetrechos diversos,
Poucos poemas, alguns versos.
Uma alma boa, estimada.
Alguns livros velhos, esquecidos,
Guardados no canto do armário,
Tirem do meu inventário,
Doem aos amigos queridos.
Deixo o casaco, a boina e a luva,
Surrados, envelhecidos.
Deixo o mais novo vestido,
A bota e a capa de chuva.
Doem a quem precisar:
minha roupa, meus pertences.
Não deixem nada que lembres,
ou permita a saudade ficar.
A escrivaninha pequena,
Que me acolheu nas madrugadas,
Quando a saudade malvada,
Inspirou-me os poemas.
Aos amigos poetas,
Deixo minha inspiração,
A pena que caiu da mão,
E a poesia predileta.
O caderno amarelado,
Ah! Este, não doem não,
Deite-o no meu caixão,
Ali, bem do meu lado.
Quando eu for pro infinito,
Não irei de alma vazia,
Levarei meus versos e poesias,
Para o céu ficar mais bonito.