NÃO HÁ COMO
Não há como dizer que não me amas.
Eu me nutro e me alimento deste amor
Que me sustenta e me faz o que sou,
Mesmo sendo nada, mesmo sendo pó
Não há como dizer que não me cuidas.
Eu te sinto ao meu lado a cada instante
Me tomando pela mão, me tomando pela vida,
Me tomando pela alma e pelo coração,
E me conduzindo aonde tu queres,
Ora às fontes, ora ao deserto,
O certo é que me conduzes em meio às luzes
Que sufocam as trevas, e me levas
A descansar o meu descanso,
No remanso dos teus olhos,
No remanso do teu peito onde reclino a cabeça
E faço desse instante, ante o teu cuidado,
Um momento de infinita paz.
Não há como dizer que eu não te amo.
Te amo tanto que a tua cruz não se separa de mim,
Cruz que eu abraço a cada passo, e acolho
Não porque escolhi, mas porque escolheste por mim;
E acolher o que tu escolhes é dizer com a vida,
“seja feita a tua vontade”. E te louvar, te bendizer,
Te render graças, porque sendo o deus da cruz,
És ao mesmo tempo o deus do túmulo vazio da morte,
E repleto de ressurreição.
ALMacêdo
20.11.2007