ASSUSTADOR

Eu me tornei inerte

Aos acontecimentos da vida

Há pouca coisa hoje compete

Uma reação mais emotiva

Nada que aconteça no meu dia

Seja de bom ou de ruim

Consegue apagar essa mania

De uma neutralidade sem fim

Tudo me parece tão normal

Cada fato, no ato previsível.

Mesmo num momento casual

Minha emoção é tão invisível

Até mesmo o que causaria

Uma certa desilusão

Não traz a menor euforia

Pra armadura do meu coração

Chega a ser assustador

Viver assim sem esses extremos

Mas no êxtase a dor

Deixa os pensamentos serenos

Às vezes pareço até ser muito dura

Com as manhas de um acontecimento

Mas em essência a alma se torna pura

Ao limiar do amadurecimento

É quando a tristeza

Não fede e nem cheira

E da alegria a beleza

Torna-se enfim derradeira

Pode parecer por demais triste

Esta minha constatação

Ao perceber que nada resiste

A uma enxurrada de decepção

Mas de fato me sinto muito bem

Apesar de tanta inanição

Penso agora só no que me convém

Apazigüei-me com a solidão

Sinto a alma bem mais leve

Assim dispersa da emoção

A mente alva como neve

Pra calmaria da razão

Longe das tormentas do amor

O pensamento tem mais liberdades

Pra ir buscar outro louvor

E outras possibilidades

Aléssya
Enviado por Aléssya em 19/03/2012
Código do texto: T3562760
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