SILOGISMO
O que fazer se os dias são vazios,
se entre uma palavra e outra,
aborrece-me a filosofia
e não cabe explicação?
Como se não bastasse
trapacear-me o tempo
e trair-me o destino vil,
não há lógica que me explique
que me cale, que me acalme.
Quantas premissas me restam
e nenhuma conclusão?
“Cogito ergo sum”
Digam-me agora se ainda hei de existir?
Não quero as verdades preparadas,
Embaladas como pacotes de compensação!
Não quero que me racionalizem!
Não tentem me idiotizar!
Não há um só argumento,
nenhuma retórica insipiente
capaz de me convencer
de que existe razão em um devir
insípido, desconexo, irreal...
Determinismos para quem se contenta
em viver por conformidades!
Se tu, somente tu, és a razão da minha vida.
E se, nesse desencontro, nela não estás.
Conclusão mais que cartesiana:
Não há vida, não há...