De Flores
Não sei por que,
Hoje resolvi falar de rosa!
Tem dia que só falo de espinho.
Deve ser porque hoje acordei alegre.
Tem dia, que o dia,
Amanhece triste.
Não! O dia, não!
Sou eu que esqueço
De amanhecer.
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A flor floresceu
De cores enfeitou
De aromas perfumou
De néctar adoçou...
Só por causa
Do beija-flor.
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Antes que se fizesse o encanto,
Antes da flor,
Antes do aroma,
Antes que se fizesse a cor...
Antes?
A flor, o aroma, a cor...
Prefiro o encanto
Que se fez depois.
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De uns tempos para cá,
Passei a conversar com as flores,
Descobri que o silêncio do seu perfume,
É um portal de entrada para a alma.
Não há encanto...
Silêncio...
Aroma...
Apenas aroma.
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Era uma vez...
Uma rosa.
Puxa, uma flor!
Exclamação.
Uma flor?
Interrogação.
Uma flor.
Ponto.
Rosa.
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A rosa flor,
Flor.
A flor rosa,
Cor.
Rosa Amarela,
Sol.
Rosa branca,
Orvalho.
Rosa solta,
Vento.
Rosa triste,
Saudade.
Rosa altar,
Fé.
Rosa...
Amor.
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Se não tiver o que falar,
Prefiro falar de flores,
Ainda que o tema
Seja considerado vulgar.
As flores são vulgares
Em sua grandeza.
No fim da vida de flor,
Partem em silêncio
De pétalas.
Que amanhã
Ao findar o meu ocaso,
Eu possa ser apenas,
Flor.
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Pintei de flores
O meu jardim sem flor.
Enfeitei de cores
O meu quintal sombrio.
De nada adiantou.
Ficou faltando
A rosa.
Depois do vendaval,
Quando apenas restar
O silêncio do nada,
Mudo, vazio...
De mim, de ti...
Voltaremos ao eterno tudo.
Origem do Universo,
Incompleto,
Pois...
Ficou faltando
A rosa.
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Flor caiu a meus pés.
Não resistiu ao sopro da brisa.
Não esperou o canto do bem-te-vi ensaiando chuva.
Não quis espreguiçar-se ao sol,
Nem volatilizar seu perfume de néctar.
Negou doar a beleza
Que só as flores tem.
Preferiu cair inerte.
Tombou sem luta,
Sem conquista,
Sem amor.
Sem nada.
Amigo:
Não seja apenas
Mais uma flor caída,
Dentre tantas flores que caem pela vida.