OLHARES

Repare-se no simples e agradável,

no belo espiritual.

No suave que afaga o coração.

Olhe-se para o olhar da mãe

ao comtemplar o filho à hora em que lhe sai do ventre,

no instante de o amementar pela primeira vez.

Que luz, que paz, que amor, que felicidade nesse olhar!

Vejam-se o pai e a mãe pondo o filho a gatinhar.

- dandar...

- dandar...

E logo mais

o pai ensinando-o a bater peteca,

a chutar a pequina bola,

a empinar arraia,

ou a mãe com a filhinha no croché.

Como é suave o olhar neste momento,

como é leliz!

Contemple-se depois

o pai ou a mãe

mão na mão da criança conduzindo-a a escola.

Atente-se ao cuidado da mamãe

acompanhando e orientando a sua cria

nas tarefas escolares que traz como dever de casa.

Os moços no altar, o padre...

Cerimônia nupcial.

- E agora, filho (ou filja) - dizem os pais, sorriso nos lábios:

A vida é tua!

Observem-se os dois em lua de mel:

as areias da praia rebrilhando ao sol

e as águas do mar no seu permanente mover-se,

maré alta, maré baixa.

Os jovens se dovertindo.

E o rio agora encachoieirado

descendo e molhando a terra de plantação,

Vida rural, os dois na lavoura.

Vede senhores,

as estrelhinhas do distante céu piscando, piscando...

Piscando para o olhar dos dois.

Para os nossos olhos também,

o meu, o vosso,

são beleza pura, às vezes fantasia

as estrelinhas no alto:

- Será uma terra cada uma delas

e nessa terra há gente?

Alguma será sol de outras terras

iguais à nossa?

E a lua cheia?

Grande e redonda, bonita,

vaidosa como as mulheres!

A gente tem uma vontade voar

para chegar a ela...

Olhai senhores,

com olhar de amores,

com um olhar de lucíolas

as belezas e os intricados da vida!

É como se a gente olhasse para a eternida.