As almas da felicidade
A felicidade vem sem alarde e fica,
faz sua fornada nas frestas da vida com calma.
É arteira, é festeira, tem sumo, tem varanda,
é gozo forrado de mel, muito mel.
A felicidade é cais, é colo, é solo,
sorriso franco sem trambolhos, sem ferrolhos,
é luz sem ofuscar, é só agradar.
A felicidade afronha, faz atalho, faz latro,
delega aos ventos suas vestes mais amenas,
gosta do que é bom, do que é bonito, do que é gostoso,
quando fecunda, inunda de fé até o talo,
até o talo.
A felicidade tem sangue jovem, carne fresca,
faz o tempo ficar menos rançoso, menos retalhado,
quando quer crescer, cresce e pronto.
A felicidade é fogo, é rastro, é lastro, é fogo farto,
está sempre pronta pra dar bom dia, pra fazer dormir,
pra fazer resurgir, pra fazer repartir,
é senhora, é espora, é vendaval.
Quem quiser ver suas almas, é só pedir,
quem quiser ver suas vidas, é só pedir,
quem quiser ver seus olhos, é só pedir.
A felicidade traz consolo, traz atalho, traz arremate,
suas mãos estão sempre macias e sedentas pro agrado,
quem quiser se aninhar nelas, vem que o lugar está aquecido
e pronto para o que der e vier.
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