COFRE DA VIDA

Que bom seria se os sonhos fossem escritos num papel

envelhecidos, pudessem ser descartados, jogados ao léu

ou serem reescritos modificando o seu roteiro

para que nenhum deixasse de ser verdadeiro

Que bom seria se as esperanças fossem tocáveis

pudessem ser apalpadas, sentidas na palma da mão

saberíamos se todas elas eram confiáveis

e a cada dia experimentaríamos uma nova sensação

Que bom seria se o amor fosse como uma vidraça

transparente, visível aos olhos de quem passa

pudéssemos vê-lo exatamente como é do outro lado

no futuro, no presente e até mesmo no passado

Assim amaríamos sem medo de sofrer

sem carregar no peito tanta desilusão

só amaríamos a quem nos soubesse merecer

e não maltrataríamos o nosso coração

Que bom seria ter os sonhos num papel

as esperanças na palma da mão

talvez nenhum sonho transformasse em fel

talvez nenhuma esperança fosse em vão

E este coração que guarda tantos sonhos e esperança

não empilharia pacotes de desejos e promessas

mas ele nunca pára, ama, sofre e não descansa

é cofre cheio de doces e amargas lembranças impressas

Célia Jardim