ONIBUS

Um calor

O povo suado, cansado

Egoísta,individual

Blusas de lá fina

Rasgadas

Nas mãos grossas

Sacolas,marmitas O sono

E o pesadelo

Ainda nos olhos da noite mal dormida

Juntos e amontoados

Uma grande tristeza e

Uma grande força de trabalho.

Cheiro de gente

Dinheiro rasgado

Conversas paralelas

Um duro danado

Poeira,vento entrando

Pelas janelas quebradas

Uma porta barulhenta

Um pneu furado

A Canseira

O povo maltratado

Apertado

Seis dias de agonia

Um dia feriado

Uma viagem longa outra curta

Uns de pé outros sentados

Uma tosse um espirro

Resmungos e catarros

Um rádio as escondidas

Um cheiro de cigarros

E o povo calado

Uma risada alta

sem graça

sem dentes

Uma brecada brusca

O silêncio pesado

E o medo de morrer ainda mais

O choro falado

Um grito,o escutar

O ronco do motor

Solavancos, trombadas

E o barulho da roleta

que não para de girar

E o ônibus continua sua longa viagem

as sete

da manhã.

Nadya Saber
Enviado por Nadya Saber em 11/02/2012
Reeditado em 16/02/2012
Código do texto: T3492758
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