Um passeio pela noite para fumar um cigarro
Vejo o balançar das árvores com o vento!
Não vou muito longe!...
Apenas em mim é que pareço estar distante
com esse frio que vem pousar em minhas mãos,
logo quando atravesso as ultimas ruas da cidade.
A poesia investiga meus olhos
através das flores das acácias.
Cristalino diamante de orvalho da noite toca meu olho e embaraça.
A poesia vem de graça...
Nos devolve a beleza.
Nos atingindo
Tingindo
A gente que se refaz,
de sonhos alegrias e tristezas.
Da alma das palavras eu tentei falar...
Tentei escapar da decifração de mim.
Do vulto vermelho iluminado apenas pelo cigarro aceso.
O tempo voou para nunca mais.
É mesmo assim diante da gente que ele passa!
E se acumula em tudo que somos.
E desabafando nesta noite um sol na garganta...
Um olhar trocado demoradamente sem palavras.
Lançado a minha frente contra o frio pousado no escuro
sobre tua pele.
Desabafando os momentos que deixaram de ser.
E que por todos os efeitos deixou de ser
no corpo na carne no beijo...
Eu me despeço!
Sem aproveitar esse momento
Que não se esquece!
Descaminhados de nossos corações por outros destinos.
Há também em mim o frio pousado sobre as mãos
que carrego como algo que entorpece.
carrego meu coração pesado
numa casca de incertezas tão frágil como gelo sobre o mar!
Que parece se quebrar.
Para que eu afunde em mim!
Não dou noticias ruins a mim mesmo já faz muito tempo!
Mas o que fazer se me restam apenas tais noticias.
me dizendo que passou, acabou!
Não volta jamais!
Mais que permanece em tudo.
Em mim que vago por esta nevoa!
Distante!
Mais que vejo!
No aglomerado de luz de minha cidade ao longe a noite!
Enquanto se aproximo se perguntando se isso não é mesmo um poema
que brilha em cada casa,
um poema que vive a rolar no vento no frio e nas lembranças,
E que visita meu coração de qualquer maneira.