ESPELHO
O espelho não revela o que eu fui
Nem muito menos o que serei.
À sua frente me posto
E ele manifesta apenas
O que eu sou agora,
Por fora, por ora;
Por dentro nada denuncia
Nem de noite nem de dia,
Nem à lua nem ao sol.
Seu amálgama de prata
Explora os sentimentos
E as emoções dos corações
Que exteriorizam
O que não podem esconder,
Escolher, reviver, renascer
Dos escombros passados
E da restauração futura,
Presente somente na mente
De quem sente o que foi
E o que não será.
Na imagem simétrica
Sem métrica e sem rima
Que ele reflete, o reflexo
Sem nexo, anexo de mim,
Vejo-me dentro da luz
E me ajoelho, e me espelho,
E me assemelho, sim.
ALMacêdo