RIACHO SECO
Derramei minhas lágrimas de infância
Na ânsia de encher teu leito
Para que os meus barquinhos
De papel navegassem
Tuas águas, em outras águas
Que pudessem levá-los
A outras paisagens,
Viagens, imagens de sonhos
Vívidos e vividos, sentidos
Nos sentidos e sentimentos
Mais profundos dos mundos
Construídos pelos meus dez anos,
Dez meses e dez dias,
Alegrias, energia, calmarias,
Na companhia de mim mesmo
A esmo, sem a certeza
De que a beleza imaginada
Da esquadra, nunca levantasse âncoras
Porque o arco-íris rasgou o céu
E as gotas de nuvens
Não caíram no chão.
ALMacêdo