Crepúsculo
caminha, cabisbaixo
o sol, ombros cansados,
nas mãos, linha e anzol
pescaria por trás
dos montes, longe
muito longe, do fio
do horizonte....
olhos envelhecidos
maturados, nas dores
do mundo, réstias
recolhe uma a uma
faz da luz, um canto
distante, obscuro,
tentáculos surgem...
almas pululam
gritam impotentes,
eternidade engolem
náufragas a esmo
inferno de si mesmas
nada mais, nada menos
escarneo e pústulas
chora e esvai-se, o sol...
cobrem-se de negro, corpos
em varais, não bastam
as estrelas, nem o bocejo
da lua, sangra a noite confusa
buscam seus olhos sedentos
os mistérios, do crepúsculo....