MINHA OUTRA FACE

Não sou íntima de quem eu sou,
Não conheço a minha outra face.
Surpreende-me o que se passou,
Dói-me o confronto e desenlace.

Quem é essa que não enxergo
Na rotina de hábitos e de dias?
De súbito, com o peso envergo
Com a dureza que me assedias.

Egoísta, pejorativa, gananciosa,
Irritante, descortês e vingativa;
Mascarada, dominante, capciosa,
Avarenta, arrogante e exaustiva.

Quem sou eu, que fúria escondo,
Só revelada para os que amo?
Face macabra, dores expondo,
O coração negando o que bramo.

Não conheço essa outra face
Que insiste em se apresentar
Com julgamento sem disfarce,
Mesmo que eu rejeite aceitar.

Choro, intimamente destroçada
Envolta por uma tristeza abissal.
Sofre a minha alma amordaçada
Ela não crê na diferença colossal.


Dalva da Trindade S. Oliveira
(Dalva Trindade)
17.01.2012