SALMO DO APELO URGENTE (SALMO 138)
Vem Senhor, construir nossa casa!
Somos pedreiros falidos, cansados, desesperançados.
Por mais que trabalhemos com afinco, de sol a sol,
Permanecemos estancados, sem sair do canto.
São tristes, e causam uma dor profunda,
Os insultos e acusações dos amigos
Que meneiam a cabeça quando passam por nós.
Vem Senhor, construir a nossa casa!
Cansamo-nos inutilmente;
Exaurimos nossas forças já minguadas e,
À semelhança de estatuetas, permanecemos inertes.
O alicerce da nossa casa fragmentou-se,
Pulverizou-se, tornou-se pó.
Os tijolos que adquirimos ao longo do tempo
Não tiveram o tempo necessário
Para o cozimento total,
E esfacelaram-se entre os dedos.
A argamassa salitrada danificou os rejuntamentos,
E o reboco, lentamente, expôs o interior
De paredes carcomidas.
O madeirame apodreceu e a coberta ruiu.
Vem senhor, construir a nossa casa!
Desses escombros - humanamente falando -
O que poderá surgir?
Mas tu és o Deus do impossível e do impensável,
Do inconcebível e do incomensurável.
Para ti o inimaginável se faz possível,
Pensável, concebível e mensurável.
Vem Senhor, executa o projeto que preparaste
Desde antes da fundação do mundo!
Sê o arquiteto, mas também o nosso mestre-de-obras,
Para que a nossa família seja edificada
Sobre a rocha da tua palavra!
Que cuidemos mais da nossa vida espiritual
E da vida espiritual dos nossos filhos,
Priorizando a busca do reino de deus
E de sua justiça,
Tendo a maior de todas as certezas:
Tudo aquilo de que necessitamos
Nos será acrescido,
Numa medida cheia, calcada, transbordante.
De que adianta madrugar, deitar tarde, na busca
Desenfreada e louca pela sobrevivência,
Quando ao que ele ama concede o pão
Enquanto dorme?
Senhor, reconstrói, restaura, edifica,
E guarda a nossa família!
Se assim não for, trabalharemos em vão,
E seremos apenas sentinelas vencidas
Pelo apelo urgente que não se viveu.