Abandono Conscentido.

Já tem tempos que não me visitas;

já são noites, cada vez mais quentes...

Em que eu trinco de amargura os dentes...

Em que dói minha garganta aflita.

Tu preferes pousar n’algum prédio

e velar minha falta de sono,

pra deixar-me saber que és o dono

deste vício, que não tem remédio.

Mas sinto falta da tua presença;

sinto falta daqueles momentos,

quando juntos, fomos um tormento...

quando juntos, fomos uma ofensa.

Ainda sinto tuas garras frias

deslizando pela minha cama...

Ainda vejo os olhos, em chamas,

queimando, na tua face sombia...

Ainda ouço a voz de trovão

da tua boca, sussurrar meu nome...

Reclamando-me que sente fome,

e devorando-me o coração!

Talvez esperes que eu possa ter

aos teus pedidos um justo sim...

Talvez, esperes muito de mim,

que tanto espero nem sei o quê.

Mad Just
Enviado por Mad Just em 10/01/2012
Código do texto: T3433142